Prevenção do Suicídio e Automutilação
Ações multissetoriais podem salvar vidas!
O suicídio e a automutilação são importantes problemas de saúde pública globais que afetam as pessoas ao longo de várias fases do ciclo de vida,1,2 gerando angústia às famílias e prejuízos educacionais, além de custos aumentados para a saúde e a assistência social.3
Dados da Organização Mundial da Saúde têm consistentemente mostrado que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em nível global.4,5 A automutilação também ocorre predominantemente em jovens.
Tendências atuais: foco em jovens
O aumento das taxas de suicídio entre jovens é um fenômeno complexo e bastante preocupante.
No Brasil, a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano entre 2011 e 2022 e as taxas de automutilações entre os jovens de 10 a 24 anos aumentaram 29% ao ano no mesmo período.3
Fatores associados à automutilação2,6:
Problemas no ambiente familiar. Experiências traumáticas durante a infância.
Diagnósticos prévios de transtornos mentais. Fatores psicológicos como desamparo e baixa autoestima.
Exposição a imagens ou relatos de automutilação nas redes sociais Representação da automutilação em séries e filmes populares
Busca por alívio emocional temporário de emoções negativas intensas.
Existe um risco aumentado de 16 x de suicídio em pessoas com transtornos mentais em comparação com controles saudáveis.2
A identificação e o tratamento precoces de transtornos psiquiátricos como depressão, transtornos do humor, dependência química, esquizofrenia, distúrbios do sono, doenças físicas, ansiedade e transtornos de personalidade entre tantos outros, devem ser priorizados para reduzir as taxas de suicídio em todo o mundo.2
Tratamentos farmacológicos e psicológicos eficazes, para pessoas com transtornos mentais são extremamente importantes na prevenção, principalmente aquelas em maior risco de suicídio e automutilação.7
Uma chamada para a ação!
As estratégias devem ocorrer em níveis de ações multissetoriais8:
Aumentar a conscientização e desestigmatizar doenças mentais;
Treinar profissionais de saúde;
Desenvolver linhas de ajuda telefônica;
Estabelecer programas de ajuda entre pares;
Acompanhamento ativo de pacientes psiquiátricos,
Intervenção de contato breve pós-hospitalização ou crise suicida;1,9
Programas de conscientização em escolas;7
Restrição de meios de suicídio, como armas de fogo.9
A expansão da rede de atendimento psicossocial e psiquiátrico também tem sido apontado como um instrumento eficaz na redução da mortalidade por suicídio.8
Conhecer e estudar esse fenômeno é importante para a elaboração de políticas públicas que permitam enfrentar o problema de maneira adequada. A compreensão dos fatores de risco, a identificação precoce dos transtornos mentais e a implementação de estratégias de prevenção são cruciais para reduzir a incidência de suicídio. A conscientização, o acesso a tratamentos adequados e o suporte contínuo são elementos fundamentais para enfrentar esse desafio e reduzir o impacto dessas condições na sociedade10.
Referências
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