Nível de extensão fibrótica e função pulmonar na DPI associada a esclerose sistêmica: quando iniciar ou não o tratamento com antifibrótico?

Setembro, 2023

 

Introdução

Estudo retrospectivo, com dados do estudo SENSCIS, com o intuito de realizar uma análise estatística inovadora entre fatores com relação já conhecidas, mas não explorados em nível de interdependência.

Sabe-se que pacientes com doença pulmonar intersticial associada à esclerose sistêmica (DPI-ES) que apresentam DPI fibrótica de qualquer extensão na tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) apresentam um risco aumentado de mortalidade em comparação com aqueles sem DPI fibrótica. Também, vários estudos sugeriram que uma maior extensão de DPI-ES fibrótica na TCAR está associada a um risco aumentado de mortalidade. Ter uma menor capacidade vital forçada (CVF) no início do estudo ou um declínio na CVF também foram associados a um risco aumentado de mortalidade em pacientes com DPI-ES.

Os autores entenderam que essas observações podem não ser independentes, e assim realizaram este trabalho.

 
time-icon.svg

Leitura: 3 minutos

Nesta página:

Principais achados

Associação entre a extensão da DPI fibrótica no início do estudo e o declínio da CVF ao longo de 52 semanas:

  • Não houve associação entre a extensão da DPI fibrótica no início do estudo e a taxa de declínio da CVF (mL/ano) ao longo de 52 semanas.
  • No grupo nintedanibe, não houve evidência de associação entre a extensão da DPI fibrótica na TCAR no início do estudo e o declínio na %CVF prevista na semana 52 na população geral ou em subgrupos de indivíduos com base no uso de micofenolato.

Interação da extensão da DPI fibrótica e %CVF prevista no início do estudo com o declínio da CVF ao longo de 52 semanas:

  • No grupo placebo, houve uma tendência de valores no baseline mais elevados tanto da extensão da DPI fibrótica como da %CVF prevista estarem associados a um maior declínio em todas as medidas de CVF (%CVF prevista, CVF mL e CVF mL/ano) durante 52 semanas.
  • A associação entre a extensão da DPI fibrótica e a %CVF prevista no início do estudo e o declínio na %CVF prevista ao longo de 52 semanas no grupo placebo foi mais forte em indivíduos que tomaram micofenolato no início do estudo do que os que não tomaram.
  • No grupo nintedanibe, não houve evidência de associação entre as mesmas variáveis mencionadas para o grupo placebo. Também, sem evidências em grupos que tomaram ou não micofenolato.

Associação entre extensão de DPI fibrótica e CVF no início do estudo:

  • Houve associação fraca entre uma maior extensão de DPI fibrótica no início do estudo com uma %CVF prevista mais baixa no início do estudo, tanto no grupo placebo [r: –0,25 (IC 95%: –0,35, –0,14)] como no grupo nintedanibe [r: – 0,18 (IC 95%: –0,29, –0,07)]. Uma extensão de DPI fibrótica de 40% foi associada a uma CVF de 70% do previsto.

Conclusões

Estas análises sugerem que a gravidade da DPI fibrosante no início do estudo não pode ser usada como critério para decidir se um paciente deve receber nintedanibe. Ademais, o curso clínico da DPI-ES é imprevisível, o que justifica o tratamento precoce para retardar a perda de função pulmonar irreversível.

A sua opinião também é importante. Quais assuntos você gostaria de ler?

Referências
  • 1.
    Denton CP, Goh NS, Humphries SM, et al. Extent of fibrosis and lung function decline in patients with systemic sclerosis and interstitial lung disease: data from the SENSCIS trial. Rheumatology (Oxford). 2023, 2;62(5):1870-1876.

SC-BR-06182