Qual o impacto do tratamento com empagliflozina em pacientes recém internados por IC? Uma nova análise do EMPEROR-Pooled 1

Outubro, 2023

 

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Introdução

Pacientes que tiveram hospitalização recente por insuficiência cardíaca (IC) apresentam alto risco de reospitalização e mortalidade. O período logo após a alta hospitalar (3 meses) é chamado de "fase vulnerável", em que o risco de recorrência de eventos é maior. Intervenções nessa fase podem ter um impacto substancial nos resultados do paciente.2-4

Estudos recentes têm apoiado a iniciação de inibidores de SGLT2 durante a hospitalização ou no período pós-alta.5 Esta análise do estudo EMPEROR-Pooled tem como objetivo estudar as associações prognósticas e o efeito da empagliflozina (vs placebo) de acordo com o tempo desde a hospitalização anterior por IC.

Métodos

O EMPEROR-Pooled (EMPEROR-Reduced e EMPEROR-Preserved combinados) incluiu 9.718 pacientes com IC, que foram categorizados de acordo com a hospitalização prévia por IC, considerando o momento desde hospitalização menor que 3 meses, de 3 a 6 meses, de 6 a 12 meses, maior que 12 meses, e nenhuma hospitalização prévia de IC.1 O desfecho primário foi um composto de morte cardiovascular ou hospitalização por IC.1

Nessa análise, foram estudadas as internações por IC (primeira ou recorrentes). Os desfechos foram:

  • Desfechos ambulatoriais de agravamento da IC;
  • Morte cardiovascular (incluindo relacionada com IC) e por todas as causas;
  • Dois desfechos renais compostos (consistindo em declínio da taxa de filtração glomerular estimada [TFGe] ≥ 40% ou ≥ 50% desde a linha de base e TFGe sustentada <15 ou <10 ml/min/1,73 m2 [para doentes com TFGe basal ≥ 30 ou < 30 ml/min/1,73 m2, respetivamente], diálise crônica ou transplante, ou morte renal se o declínio da TFGe foi ≥ 50% desde o início do estudo), alterações na inclinação da TFGe (chronic slope);
  • Eventos adversos que levam a descontinuação do medicamento.1

Resultados

Os pacientes com internação mais recente por IC eram mais jovens, frequentemente homens, asiáticos, tinham FEVE mais baixa, NT-pro BNP mais alto, frequência cardíaca mais alta, pressão arterial mais baixa, apresentavam-se mais frequentemente com NYHA III ou IV, tinham história mais frequente de fibrilação atrial e diabetes mellitus tipo 2.

Quanto mais recente a hospitalização prévia por IC, maiores foram as taxas de eventos. Os eventos adversos que levaram à descontinuação do medicamento também foram mais frequentes entre os pacientes com internação mais recente por IC.

A redução relativa do risco de eventos de desfecho primário com empagliflozina foi semelhante nas categorias de internação por IC (p de interação = 0,67). A redução do risco absoluto do desfecho primário foi mais pronunciada entre os pacientes com hospitalização recente por IC, mas sem heterogeneidade estatística do efeito do tratamento.

O uso de empagliflozina foi seguro independentemente da recente hospitalização por IC.

O estudo apresenta limitações, por se tratar de uma análise post hoc não pré-especificada. Os resultados devem ser considerados como gerador de hipóteses. Além disso, os resultados não podem ser generalizados para pacientes internados no mês anterior.2

Conclusões

Pacientes com internação recente por IC, particularmente nos últimos 3 meses, têm alto risco de reinternação e mortalidade por IC4,6 e experimentam grande benefício do tratamento com empagliflozina2,3. Esses achados ressaltam a importância de iniciar a empagliflozina o mais cedo possível durante ou logo após uma hospitalização por IC2, principalmente devido à capacidade de modificar rapidamente o prognóstico em poucos dias após o início do tratamento.7-9

Referências
  • 1.
    Ferreira JP, Zannad F, Butler J, et al. Recency of heart failure hospitalization, outcomes, and the effect of empagliflozin. JACC: Heart Failure. Published online February 2023:S2213177923000732.
  • 2.
    Pocock SJ, Ferreira JP, Gregson J, et al. Novelbiomarker-driven prognostic models to predictmorbidity and mortality in chronic heart failure: the EMPEROR-Reduced trial. Eur Heart J. 2021;42(43):4455–4464.
  • 3.
    Pocock SJ, Ferreira JP, Packer M, et al. Biomarker-driven prognostic models in chronic heart failurewith preserved ejection fraction: the EMPEROR-Preserved trial. Eur J Heart Fail. 2022;24(10):1869–1878.
  • 4.
    Greene SJ, Fonarow GC, Vaduganathan M, et al. The vulnerablephase after hospitalization for heart failure. NatRev Cardiol. 2015;12(4):220–229.
  • 5.
    Kosiborod MN, Angermann CE, Collins SP, Teerlink JR, Ponikowski P, Biegus J, Comin-Colet J, Ferreira JP, Mentz RJ, Nassif ME, Psotka MA, Tromp J, Brueckmann M, Blatchford JP, Salsali A, Voors AA. Effects of Empagliflozin on Symptoms, Physical Limitations, and Quality of Life in Patients Hospitalized for Acute Heart Failure: Results From the EMPULSE Trial. Circulation. 2022 Jul 26;146(4):279-288. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.122.059725. Epub 2022 Apr 4. PMID: 35377706; PMCID: PMC9311476.
  • 6.
    Collier TJ, Pocock SJ, McMurray JJ, et al. The impact of eplerenone at different levels of risk in patients with systolic heart failure and mild symptoms: insight from a novel risk score for prognosis derived from the EMPHASIS-HF trial. Eur Heart J. 2013;34:2823–2829.
  • 7.
    Packer M, Anker SD, Butler J, et al. Effect of empagliflozin on the clinical stability of patients with heart failure and a reduced ejection fraction: the EMPEROR-Reduced trial. Circulation. 2021;143(4):326–336.
  • 8.
    Packer M, Butler J, Zannad F, et al. Effect of empagliflozin on worsening heart failure events in patients with heart failure and a preserved ejection fraction: the EMPERORpreserved trial. Circulation. 2021;144(16):1284–1294.
  • 9.
    Butler J, Siddiqi TJ, Filippatos G, et al. Early benefit with empagliflozin in heart failure with preserved ejection fraction: insights from the EMPEROR-Preserved trial. Eur J Heart Fail. 2022;24:245–248.

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