Os efeitos da empagliflozina na ICFEr variam com a idade? É seguro usar em idosos?1

Outubro, 2023

 

Leia ou ouça este conteúdo

Arquivo de áudio

Introdução

A prevalência de insuficiência cardíaca (IC) aumenta com a idade, sendo a IC a causa mais frequente de internação hospitalar em idosos.2,3 Estudos prévios mostraram que pacientes idosos com IC apresentam piores desfechos que podem, em parte, estar relacionados à maior carga de comorbidades e ao menor uso de terapias recomendadas por diretrizes.4–10

Os inibidores de SGLT2 demonstraram melhora nos desfechos cardiovasculares e renais em pacientes com IC com fração de ejeção reduzida.11,12

O ensaio EMPEROR-Reduced estudou o efeito da empagliflozina nos desfechos cardiovasculares e renais em pacientes com doença mais avançada. No presente estudo, avaliou-se o efeito da idade sobre a eficácia, tolerabilidade e segurança da empagliflozina na IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr).

Desenho do Estudo

O estudo analisou os resultados de eficácia e segurança da empagliflozina ou do placebo, além da terapia padrão de IC em pacientes sintomáticos ICFEr, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo ≤40% e peptídeos natriuréticos (NT-pro-BNP) aumentados. Os pacientes foram estratificados por idade de acordo com três grupos etários comumente usados, definidos como menores de 65, 65-74 e 75 anos ou mais.1

Investigou-se os efeitos da empagliflozina versus placebo nos desfechos primário e secundário chave, juntamente com outros desfechos pré-especificados, incluindo o tempo até a primeira hospitalização por IC, morte cardiovascular, morte por todas as causas, desfechos renais e alteração na qualidade de vida na semana 52, conforme avaliado pelo Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire clinical summary score (KCCQ-CSS).1

Além disso, analisou-se ainda o efeito da idade no desfecho primário e a incidência de eventos adversos (EAs).1

Resultados

A idade média dos pacientes no EMPEROR-Reduced foi 67 anos, com dois terços deles com 65 anos ou mais e um quarto com 75 anos ou mais.1 Essa distribuição etária é consistente com a relatada por registros recentes de IC na Europa e nos EUA.10,11

A pressão arterial sistólica, FEVE e NT-proBNP aumentaram com a idade, assim como a prevalência de hipertensão arterial e fibrilação atrial. Ao passo que o IMC e TFGe diminuíram com a idade. Não houve diferença entre os grupos em relação a classificação funcional e qualidade de vida.1

Em comparação com o placebo, a empagliflozina reduziu o desfecho primário, de morte cardiovascular ou hospitalização por IC, de forma consistente nas três faixas etárias.1 O mesmo ocorreu com os principais desfechos secundários, de taxas totais de hospitalização por IC (primeira e recorrente) e declínio na TFGe.1

O mesmo foi verdade para outros endpoints pré-especificados, incluindo o desfecho renal composto (que incluiu início de diálise, transplante renal e queda sustentada ≥40% de TFGe) e mudança na qualidade de vida definida no KCCQ-CSS.1

Eventos adversos (EAs), EAs graves e EAs que levaram à descontinuação do medicamento aumentaram com a idade em ambos os braços de tratamento, mas a empagliflozina não aumentou sua incidência em relação ao placebo em cada faixa etária.1

Em relação aos EAs de interesse específico em pacientes com idade igual ou superior a 75 anos, como hipotensão, hipoglicemia, depleção de volume, infecções do trato urinário, hipo e hipercalemia, a empagliflozina não foi associada a um aumento comparado ao placebo.1

Pacientes idosos com ICFEr são menos frequentemente tratados com terapias recomendadas por diretrizes em comparação com pacientes mais jovens, de acordo com grandes registros.8,12 Isso também foi observado na presente análise, na qual a utilização da terapia medicamentosa padrão para IC diminuiu com o aumento da idade, com exceção de ARNI.1

Conclusões

A eficácia e segurança da empagliflozina na melhora dos desfechos cardiovasculares e renais na ICFEr foram consistentes em todo o espectro de idade, incluindo pacientes mais velhos. Esta descoberta é particularmente importante para pacientes idosos com IC, especialmente aqueles que atualmente recebem prescrição limitada e titulação de inibidores neuro-hormonais ou outras terapias recomendadas por diretrizes.1

Referências
  • 1.
    Filippatos G, et al. Effects of empagliflozin on cardiovascular and renal outcomes in heart failure with reduced ejection fraction according to age: a secondary analysis of EMPEROR-Reduced. Eur J Heart Fail, 24: 2297-2304. 
  • 2.
    Zarrinkoub R, et al. The epidemiology of heart failure, based on data for 2.1million inhabitantsin Sweden. Eur J Heart Fail.2013;15:995–1002.2.
  • 3.
    Heidenreich PA, et al. Forecasting the impact of heart failure inthe United States: a policy statement from the American Heart Association. CircHeart Fail.2013;6:606–19
  • 4.
    Filippatos G, Parissis JT. Heart failure diagnosis and prognosis in the elderly: theproof of the pudding is in the eating. Eur J Heart Fail.2011;13:467–71.
  • 5.
    Jhund PS, et al. Efficacy and safety of LCZ696(sacubitril-valsartan) according to age: insights from PARADIGM-HF. Eur Heart J.2015;36:2576–84.
  • 6.
    Chen J, et al. National and regional trendsin heart failure hospitalization and mortality rates for Medicare beneficiaries,1998–2008. JAMA.2011;306:1669–78.
  • 7.
    Murad K, et al. Burdenof comorbidities and functional and cognitive impairments in elderly patientsat the initial diagnosis of heart failure and their impact on total mortality: theCardiovascular Health Study. JACC Heart Fail.2015;3:542–50.
  • 8.
    Lainšˇcak M, et al. Sex- and age-related differences in the management and outcomes ofchronic heart failure: an analysis of patients from the ESC HFA EORP HeartFailure Long-Term Registry.Eur J Heart Fail. 2020;22:92–102.
  • 9.
    Ferreira JP, et al. MRAs in elderly HF patients: individual patient-data meta-analysis of RALES,EMPHASIS-HF, and TOPCAT. JACC Heart Fail.2019;7:1012–21.
  • 10.
     Crespo-Leiro MG, et al. European Society of Cardiology Heart Failure Long-Term Registry (ESC-HF-LT): 1-year follow-up outcomes and differences across regions. Eur J Heart Fail. 2016;18:613–25.
  • 11.
     Fonarow GC, et al. Age- and gender-related differences in quality of care and outcomes of patients hospitalized with heart failure (from OPTIMIZE-HF). Am J Cardiol. 009;104:107–15.

Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde habilitados a prescrever e/ou dispensar medicamentos.

SC-BR-06615