ICFEp: Como ficam a segurança e eficácia do uso de diuréticos e empagliflozina?1

Outubro, 2023

 

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Introdução

O estudo EMPEROR-Preserved investigou a eficácia da empagliflozina, um inibidor do SGLT2 (iSGLT2), no tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp)2. Verificou-se que a empagliflozina reduz significativamente o risco de hospitalização por insuficiência cardíaca ou morte cardiovascular, retarda o declínio na taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) e melhora a qualidade de vida, em comparação com um placebo.

Foi sugerido haver interações entre os iSGLT2 e medicamentos diuréticos, podendo aumentar o risco de eventos de depleção de volume, lesão renal aguda e outros efeitos adversos.3 O uso de iSGLT2 também pode afetar a necessidade de terapia diurética convencional. Portanto, essa análise post hoc foi realizada para avaliar a segurança e eficácia da empagliflozina, em relação à terapia diurética de base.

Desenho do Estudo

Trata-se análise post hoc do estudo EMPEROR-Preserved. O qual foi um ensaio clínico de fase 3, randomizado, controlado por placebo, duplo-cego, conduzido de março de 2017 a abril de 2021. Foram incluídos pacientes com insuficiência cardíaca classe II a IV e FEVE > 40%.2,4 Dos 5988 pacientes incluídos, 5.815 (97,1%) tinham dados basais sobre o uso de diuréticos e foram incluídos nesta análise.

Os pacientes foram divididos em 4 subgrupos: (1) sem diuréticos e dose de diurético equivalente à furosemida inferior a 40 mg, (2) equivalente 40 mg e (3) superior a 40 mg no início do estudo. Os antagonistas dos receptores de mineralocorticóides não foram classificados como diuréticos para a análise atual.

Os principais desfechos de interesse foram: a primeira hospitalização por IC ou morte cardiovascular, primeira hospitalização por IC, morte CV, morte por todas as causas, declínio na TFGe e o desfecho renal composto (diálise crônica ou transplante renal ou redução sustentada de 50% ou mais na TFGe ou TFGe < 15 mL/min /1,73 m2 ou morte renal). Foi avaliada a associação de empagliflozina versus placebo com desfechos por uso basal de diurético (sem diurético versus qualquer dose) e dose (sem diurético, <40 mg, 40 mg e > 40 mg de furosemida). A associação do uso de empagliflozina com alterações na terapia diurética também foi estudada.

Também foram analisados mudança na qualidade de vida (pelo score de Kansas City), alterações em resultados fisiológicos, incluindo hemoglobina glicada, hematócrito, NT-proBNP, peso, pressão arterial sistólica e ácido úrico. Também foram estudados eventos adversos que levaram à descontinuação do medicamento em estudo (incluindo eventos fatais), hipercalemia, injúria renal aguda e eventos de depleção de volume.

Resultados

Entre 5.815 pacientes (idade média 71,9 anos; 44,6% mulheres) com uso prévio conhecido de diuréticos, 20,3% não estavam tomando diuréticos, 29,7% estavam tomando menos de 40 mg, 30,5% estavam tomando 40 mg e 19,6% estavam tomando mais de 40 mg de equivalente da furosemida.

Os pacientes que estavam tomando diuréticos eram mais propensos a serem mais velhos, do sexo feminino, ter IMC, frequência cardíaca e classe funcional NYHA mais elevados, níveis maiores de NT-proBNP e piores escores de qualidade de vida. Além disso, tinham uma maior frequência de hospitalizações por IC recentes e uma maior prevalência de comorbidades, como fibrilação atrial, hipertensão, doença renal crônica e diabetes.

A empagliflozina diminuiu o risco de hospitalização por IC ou morte CV, independentemente do uso de diuréticos. Os resultados foram consistentes quando os pacientes foram categorizados de acordo com a dose de diuréticos. A empagliflozina foi associada a uma probabilidade reduzida de aumento na dose de diuréticos e uma probabilidade aumentada de redução na dose.

Apesar de associada a um leve aumento no risco de depleção de volume em pacientes que estavam tomando diuréticos, a frequência de insuficiência renal aguda, hipercalemia ou eventos adversos que levam à descontinuação do medicamento em estudo (incluindo eventos fatais) foram semelhantes entre empagliflozina e placebo.

Conclusões

Até o momento, o estudo atual é o primeiro a delinear as características do uso de diuréticos em pacientes com ICFEP.

O benefício da empagliflozina na primeira hospitalização por IC ou morte CV e outros desfechos associados, foi consistente independentemente da terapia diurética de base ou dose de diurético.

Referências
  • 1.
    Butler J, Usman MS, Filippatos G, et al; Safety and Efficacy of Empagliflozin and Diuretic Use in Patients with Heart Failure and Preserved Ejection Fraction: A Post Hoc Analysis of the EMPEROR-Preserved Trial. JAMA Cardiol. 2023 Jul 1;8(7):640-649.
  • 2.
    Anker SD, Butler J, Filippatos G, et al; EMPEROR-Preserved Trial Investigators. Empagliflozin in heart failure with a preserved ejection fraction. N Engl J Med. 2021;385(16): 1451-1461.
  • 3.
    Verma A, Patel AB, Waikar SS. SGLT2 inhibitor: not a traditional diuretic for heart failure. Cell Metab. 2020;32(1):13-14.
  • 4.
    Anker SD, Butler J, Filippatos GS, et al; EMPEROR-Preserved Trial Committees and Investigators. Evaluation of the effects of sodium-glucose co-transporter 2 inhibition with empagliflozin on morbidity and mortality in patients with chronic heart failure and a preserved ejection fraction: rationale for and design of the EMPEROR-Preserved trial. Eur J Heart Fail. 2019;21 (10):1279-1287.

Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde habilitados a prescrever e/ou dispensar medicamentos.

SC-BR-06615