Evidências de mundo real: a empagliflozina está associada à redução do risco de falência renal em pacientes com DM2?1

Outubro, 2023

 

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Introdução

As pessoas com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) possuem alto risco de múltiplas comorbidades, incluindo as doenças cardiovasculares (CV) e renais.2

Os ensaios clínicos EMPA-REG OUTCOME3, EMPEROR-Reduced4,5 e EMPEROR-Preserved6 demonstraram benefícios CV e renais da empagliflozina em indivíduos com DM2 e em indivíduos com insuficiência cardíaca (IC) com e sem DM2. Por sua vez, o estudo de mundo real EMPagliflozin compaRative effectIveness and SafEty (EMPRISE) avaliou indivíduos com DM2, utilizando dados da rotina clínica nos Estados Unidos, e evidenciou que a empagliflozina em comparação com a sitagliptina ou outros inibidores da dipeptidil peptidase 4 (iDPP-4) estava associada à redução do risco de hospitalização por IC, mortalidade por todas as causas e do composto de infarto do miocárdio (IM), acidente vascular cerebral (AVC) e mortalidade por todas as causas com um perfil de segurança consistente com informações documentadas7-9.

O objetivo do presente estudo é expandir o EMPRISE para vários países asiáticos e europeus.10

Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo de coorte multinacional e não-intervencional que utilizou um comparador ativo11 para analisar dados da rotina clínica em 11 países da Europa (Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Noruega, Espanha, Suécia e Reino Unido) e Ásia (Israel e três países do Leste Asiático, Japão, Coreia do Sul e Taiwan).

Foram incluídos adultos com idade ≥18 anos e DM2 que iniciaram o uso de empagliflozina ou iDPP-4. Os novos usuários de empagliflozina foram pareados 1:1 por meio de escore de propensão com os novos usuários de iDPP-4.

O desfecho primário incluiu hospitalização por IC, mortalidade por todas as causas, IM e AVC. Também foram avaliados os seguintes desfechos secundários: mortalidade CV, procedimento de revascularização coronária, dois desfechos compostos [a) hospitalização por IC + mortalidade CV, b) IM, AVC e mortalidade CV] e falência renal. Ademais, foram incluídos os seguintes desfechos de segurança: fratura óssea, cetoacidose diabética, hipoglicemia severa, amputação de membro inferior e injúria renal aguda com necessidade de diálise.

Resultados

Nos pares combinados, a média de idade variou entre 56 e 65 anos em todos os países, com menor média de idade nas populações do Leste Asiático, e a proporção de mulheres foi consistente entre os países.

A porcentagem de comorbidades dos indivíduos variou bastante de acordo com o país, sendo a hipertensão arterial, a IC e a doença renal crônica (DRC) as mais frequentes em alguns países.

O início da empagliflozina foi associado a um menor risco de hospitalização por IC em comparação com iDPP-4 (Hazard Ratio 0,70; IC 95% 0,60 a 0,83 p=0,014). O risco de mortalidade por todas as causas (0,55; 0,48 a 0,63), AVC (0,82; 0,71 a 0,96) e falência renal (0,43; 0,30 a 0,63) foram menores e o risco de IM, fratura óssea, hipoglicemia grave e amputação de membros inferiores foram semelhantes entre os indivíduos que utilizaram empagliflozina versus iDPP-4.

Eventos como cetoacidose diabética foram relatados em seis países (Dinamarca, Finlândia, Suécia, Japão, Coreia do Sul e Taiwan), mas, apesar de terem ocorrido, foram raros. No entanto, um risco maior foi observado entre os que iniciaram o tratamento com empagliflozina (1,97; 1,28 a 3,03) em comparação com iDPP-4. 
Estes resultados foram consistentes em todos os continentes e regiões.

Conclusões

Os resultados deste compilado de dados do estudo EMPRISE Europa e Ásia, complementam ensaios clínicos anteriores e estudos do mundo real, fornecendo mais evidências dos dos benefícios cardiorrenais e segurança geral da empagliflozina em comparação com os iDPP4.

Disclaimer: Os resultados em termos de desfechos renais da empagliflozina, devem ser considerados como benefícios adicionais nos pacientes com diabetes tipo 2 e não uma indicação.

Referências
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    Karasik A, Lanzinger S, Chia-Hui Tan E, et al. Empagliflozin cardiovascular and renal effectiveness and safety compared to dipeptidyl peptidase-4 inhibitors across 11 countries in Europe and Asia: Results from the EMPagliflozin compaRative effectIveness and SafEty (EMPRISE) study. Diabetes Metab. 2023;49(2):101418.
  • 2.
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    Anker SD, Butler J, Filippatos G, et al. Empagliflozin in Heart Failure with a Preserved Ejection Fraction. N Engl J Med. 2021;385(16):1451-1461.
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