Empagliflozina na ICFEp: efeito além do diabetes?1
Outubro, 2023
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Introdução
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) está presente em quase metade dos pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp) e, quando presente, está associada a piores desfechos, com aumento considerável da morbi/mortalidade2-4.
O tratamento da ICFEp foi caracterizado por muito tempo pela falta de terapias que melhorassem o prognóstico desses pacientes.
Recentemente, o estudo EMPEROR-Preserved demonstrou o benefício da Empagliflozina, um inibidor do cotransportador sódio-glicose 2 (iSGLT2), em pacientes com IC com fração de ejeção >40%. Foi observada uma redução do risco relativo (RRR) de 21% no desfecho composto de morte cardiovascular ou internação por insuficiência cardíaca (IC), uma RRR de 27% na hospitalização por IC (primeira e recorrente) e uma redução de 2x na velocidade de progressão do declínio da função renal5. O objetivo do presente estudo foi analisar se os benefícios encontrados no EMPEROR-Preserved foi consistente nos pacientes com e sem DM2.
Desenho do Estudo
Pacientes com IC em classe funcional II a IV e com fração de ejeção ventricular esquerda >40% foram randomizados para receber Empagliflozina 10 mg ou placebo, além da terapia padrão. Foi realizada uma análise pré-especificada comparando os efeitos da Empagliflozina versus placebo em pacientes com e sem DM2. Nesta análise secundária do estudo, avaliou-se os efeitos da Empagliflozina versus placebo nos desfechos primários, secundários e renais de acordo com a presença de DM2 no início do estudo. Também foram analisados os efeitos no desfecho primário dentro do contínuo de hemoglobina A1c (HbA1c) do início do estudo.
Resultados
- 49% dos pacientes do estudo tinham DM2, e apresentaram maior risco para o desfecho primário (morte cardiovascular ou primeira internação por IC), bem como para os desfechos secundários (internações totais por IC e progressão do declínio da taxa de filtração glomerular estimada).
- Empagliflozina reduziu o desfecho primário independentemente da presença de DM2 (HR, 0,79 [IC95%, 0,67, 0,94] com DM2, vs. HR, 0,78 [IC95%, 0,64, 0,95] sem DM2; P-interação =0,92).
- O efeito da Empagliflozina na redução das internações totais por IC também foi consistente em pacientes com e sem DM2.
- Empagliflozina atenuou a queda da taxa de filtração glomerular estimada, tanto em pacientes com quanto sem DM2. Porém, esse efeito foi mais pronunciado em pacientes com DM2 (1,77 em DM2 vs. 0,98 mL/min/1,73m2 sem DM2; P-interação=0,01).
- Não houve aumento no risco de eventos hipoglicêmicos em ambos os subgrupos em comparação ao placebo.
Conclusões
No estudo clínico controlado por placebo EMPEROR-Preserved, a Empagliflozina melhorou os desfechos da IC e diminuiu a progressão do declínio da função renal em pacientes com ICFEp, independentemente da presença de DM2 no início do estudo. Em pacientes sem DM2, a Empagliflozina não reduziu a hemoglobina glicada nem aumentou o risco de hipoglicemia ou cetoacidose.
Referências
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1.
Filippatos G, et al. Empagliflozin for heart failure with preserved left ventricular ejection fraction with and without diabetes. Circulation. 2022;146(9):676-686.
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2.
Cohen JB, et al. Clinical phenogroups in heart failure with preserved ejection fraction. JACC: Heart Failure. 2020;8(3):172-184.
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3.
Seferović PM, et al. Type 2 diabetes mellitus and heart failure: a position statement from the Heart Failure Association of the European Society of Cardiology. Eur J Heart Fail. 2018;20(5):853-872.
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4.
McHugh K, et al. Heart failure with preserved ejection fraction and diabetes. Journal of the American College of Cardiology. 2019;73(5):602-611.
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5.
Anker SD, et al. Empagliflozin in heart failure with a preserved ejection fraction. N Engl J Med. 2021;385(16):1451-1461.
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