A empagliflozina é mais eficaz que iDPP4 e AR-GLP-1 na redução de hospitalizações em idosos com DM2?1
Outubro, 2023
Leia ou ouça este conteúdo
Introdução
No EMPA-REG OUTCOME, o inibidor do cotransportador de glicose 2 (iSGLT2), empagliflozina, reduziu em 38% o risco relativo de morte cardiovascular (CV), mortalidade por todas as causas em 32%, e primeira hospitalização por insuficiência cardíaca (HIC) em 35%, nos pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) e doença cardiovascular estabelecida.2 Esta evidência, juntamente com evidências de outros grandes ensaios clínicos randomizados e controlados,3-5 fez com que as principais diretrizes clínicas recomendassem a utilização de iSGLT2 em pacientes com DM2 com alto risco CV ou pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida, insuficiência cardíaca (IC) ou doença renal crônica.6 No entanto, o EMPA-REG OUTCOME incluiu uma população relativamente mais jovem, com idade média de 63 anos. Tendo em vista que a carga de eventos cardiovasculares recorrentes é substancial em idosos com DM27, o presente estudo teve como objetivo fornecer evidências complementares quanto a eficácia da empagliflozina versus os demais tratamentos antidiabéticos frequentemente utilizados, como Inibidor da dipeptidil peptidase 4 (iDPP4; sitagliptina), e agonistas do receptor peptídeo-1 semelhantes ao glucagon (AR-GLP-1) na redução do risco de eventos CV totais na população idosa com DM2.
Desenho do Estudo
Foi utilizada a infraestrutura do estudo EMPagliflozina compaRative effectIveness and SafEty (EMPRISE), que é um programa plurianual que avalia a eficácia comparativa, a gravidade e a utilização de cuidados de saúde da empagliflozina em pacientes em todo o amplo espectro de risco CV, com base em dados do mundo real de conjuntos de dados de utilização de cuidados de saúde dos EUA.8-10 Através dos dados da taxa por serviço do Medicare (08/2014-09/2017), foram identificadas duas coortes pareadas 1:1 de pacientes com DM2: 1) iniciando empagliflozina versus iDPP4 ou 2) empagliflozina versus AR-GLP-1, equilibrando > 140 covariáveis basais. Foram comparados o risco de hospitalização (primeira ou recorrente) por qualquer condição CV. O efeito do tratamento foi estimado com base no modelo semi-paramétrico de Ghosh-Lin para eventos recorrentes e modelo de fragilidade.
Resultados
Foram incluídos 2 coortes de pacientes: 1) com 11.429 pares que iniciaram uso de empagliflozina ou iDPP4 e 2) com 17.502 pares que iniciaram uso de empagliflozina ou AR-GLP1. Ambas as coortes tinham uma idade média de 72 anos, 48% do sexo feminino, 47% com história prévia de doença CV aterosclerótica ou IC.
Antes do pareamento, os pacientes que iniciaram uso de empagliflozina eram mais frequentemente do sexo masculino, com menor taxa de comorbidades, menor fragilidade, mais jovens e utilizavam mais insulina basal quando comparados ao grupo que iniciou com iDPP4. Quando comparado ao grupo que iniciou o uso de AR-GLP-1, o grupo empagliflozina era relativamente mais velho e utilizava menos insulina.
A empagliflozina foi associada a um risco reduzido de hospitalizações por causa CV (0,80 [0,69-0,93] vs. iDPP4; 0,88 [0,77-1,00] vs. AR-GLP-1) e internações por insuficiência cardíaca (0,70 [0,51-0,98] vs. iDPP4; 0,76 [0,56-1,03] vs. AR-GLP1) ao longo de um seguimento médio de 6,3 meses. Não foram observadas diferenças entre os tratamentos para hospitalização por IAM ou AVC.
Conclusões
A empagliflozina foi associada a uma redução consistente frequência de hospitalizações por causas cardiovasculares e HIC, em comparação com iDPP4 e, em menor grau com AR-GLP-1 em pacientes idosos. Esses resultados complementam as evidências sobre os efeitos benéficos da empagliflozina, e sugerem que a sua utilização na prática clínica pode estar associada a reduções significativas na frequência de hospitalizações CV em pacientes idosos com DM2.
Referências
-
1.
Desai RJ, et al. Comparative effectiveness of Empagliflozin in reducing the burden of recurrent cardiovascular hospitalizations among older adults with diabetes in routine clinical care. Am Heart J. 2022 Dec;254:203-215.
-
2.
Zinman B, et al. Empagliflozin, cardiovascular outcomes, and mortality in Type 2 diabetes. N Engl J Med 2015;373:2117–28.
-
3.
Neal B, et al. Canagliflozin and cardiovascular and renal events in Type 2 diabetes. N Engl J Med 2017;377:644–57.
-
4.
Wiviott SD, et al. Dapagliflozin and cardiovascular outcomes in Type 2 diabetes. The New England journal of medicine 2019;380:347–57.
-
5.
Perkovic V, et al. Canagliflozin and renal outcomes in Type 2 diabetes and nephropathy. N Engl J Med 2019;380:2295–306.
-
6.
American Diabetes Association. 9. Pharmacologic approaches to glycemic treatment: standards of medical care in diabetes-2021. Diabetes Care 2021;44(Suppl 1):S111–24.
-
7.
Giorda CB, et al. Recurrence of cardiovascular events in patients with type 2 diabetes: epidemiology and risk factors. Diabetes care 2008;31:2154–9.
-
8.
Patorno E PA, et al. Baseline information from a post-marketing monitoring program on empagliflozin: Implications for study validity and exposure accrual. Pharmacoepidemiology and drug safety 2018;27(2):52–3 Supplement.
-
9.
Patorno E, et al. Effectiveness and safety of empagliflozin in routine care patients: results from the EMPagliflozin compaRative effectIveness and SafEty (EMPRISE) study. Diabetes, Obesity and Metabolism 2022;2:442–54.
-
10.
Patorno E, et al. Empagliflozin and the risk of heart failure hospitalization in routine clinical care. Circulation 2019;139:2822–30.
Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde habilitados a prescrever e/ou dispensar medicamentos.