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ADA 2023: o que podemos esperar das novas recomendações para tratar a hiperglicemia em pacientes idosos?

AGOSTO, 2023

Dr. Ícaro Sampaio
CRM: 22639-PE

Congresso da American Diabetes Association, em San Diego, nos EUA, abordou diretrizes que podem influenciar na prática clínica da hiperglicemia em pacientes idosos.

Estar atualizado sobre temas relacionados à prática clínica é essencial para médicas e médicos. Eventos como o congresso da American Diabetes Association, realizado na cidade de San Diego, nos Estados Unidos, são valiosos nesse aspecto.

O congresso da ADA trouxe grandes estudos com novidades sobre tratamento da obesidade em pacientes com e sem diabetes mellitus tipo 2 e também atualizações no manejo da hiperglicemia em pacientes idosos.

Diretrizes tratamento de hiperglicemia em idosos

As recomendações do guideline passam por atualizações sobre o tratamento da hiperglicemia em idosos. Diretrizes específicas para esses perfis de paciente são necessárias, pois eles podem apresentar1:

  • Taxas mais elevadas de hipoglicemia;

  • Incapacidade funcional;

  • Perda muscular acelerada;

  • Multimorbidades – hipertensão, doença coronariana e AVC, por exemplo.

Seguir as recomendações têm o intuito de estabelecer metas terapêuticas individualizadas. A abordagem do DM2 em pacientes idosos deve avaliar condições que possam interferir na tomada de decisão terapêutica1.

  • Comprometimento cognitivo;

  • Sarcopenia;

  • Comorbidades graves;

  • Histórico de hiperglicemia.

Manejo individualizado conforme perfil do idoso

O manejo da hiperglicemia em idosos é diferente de acordo com o perfil dos pacientes. A ADA estabeleceu diretrizes para cada caso1.

  • Pacientes idosos com poucas doenças crônicas existentes e função cognitiva intacta: metas glicêmicas mais baixas (HbA1c <7,0–7,5%).

  • Pacientes idosos com múltiplas doenças crônicas coexistentes, comprometimento cognitivo ou dependência funcional: metas glicêmicas menos rigorosas (HbA1c <8,0%).

  • Simplificar o tratamento: essa foi a principal recomendação das diretrizes americanas para abordagem terapêutica em idosos com DM2.

  • O objetivo é reduzir o risco de hiperglicemia e polifarmácia e melhorar a qualidade de vida do paciente idoso.

  • Níveis altos e muito baixos de HbA1c aumentaram o risco de morte em idosos com diabetes e componentes de fragilidade – estudo com 179.723 voluntários e apresentado no congresso da ADA2.

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes

A SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) incluiu um novo capítulo sobre a avaliação e o tratamento de pessoas idosas com diabetes3.

  • Pacientes idosos com funcionalidade preservada e boa saúde geral: indicado manter o tratamento proposto aos pacientes com DM2 não idosos.

  • Pacientes idosos comprometidos ou frágeis: abordagem diferenciada, com o manejo levando em consideração os níveis de HbA1c e o IMC do paciente.

Inibidores da iDPP4 são recomendados como terapia de primeira linha para o idoso frágil com HbA1c abaixo de 10% e IMC menor que 22 kg/m2.

ADA 2023: o que podemos esperar das novas recomendações para tratar a hiperglicemia em pacientes idosos?

Qual a vantagem dos inibidores da iDPP4 nesses pacientes?

  • Inibidores da iDPP4 são bem tolerados em idosos frágeis e de baixo peso.

  • Apresentam risco mínimo de hipoglicemia, sem promover redução de peso em um paciente já sarcopênico e com síndrome de fragilidade.

  • Podem ser usados em pacientes com comprometimento da função renal com dose ajustada – sitagliptina, alogliptina, saxagliptina, vildagliptina –, ou sem qualquer ajuste – linagliptina.

As diretrizes apresentadas no congresso da ADA e pela SBD reforçam a importância de profissionais de saúde estarem atualizados, não apenas sobre o manejo da hiperglicemia em idosos, a hipoglicemia em idosos, como também de outros temas que influenciam na prática clínica.

Conheça o Dr. Ícaro Sampaio (CRM: 22639/PE)

  • Graduado em medicina pela Universidade Federal do Vale do São Francisco.

  • Residência em Clínica Médica pelo Hospital Regional de Juazeiro/BA e em Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da UFPE.

  • Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

  • Médico endocrinologista nos Hospitais Esperança Recife e Eduardo Campos da Pessoa Idosa.

Referências
  • 1.
    ElSayed NA, Aleppo G, Aroda VR, et al., American Diabetes Association. 13. Older adults: Standards of Care in Diabetes—2023. Diabetes Care 2023;46(Suppl. 1):S216–S229.
  • 2.
    THOMAS S.J. CRABTREE, YANA VINOGRADOVA, RAMI ALDAFAS, JASON GORDON, ISKANDAR R. IDRIS. All-Cause Mortality in Individuals Aged 65+ Years with Type 2 Diabetes With and Without Frailty—Clinical Utility of Electronic Frailty Index to Individualise HbA1c Targets. Resumo publicado no 83rd Scientific Sessions (Junho 23-26, 2023).
  • 3.
    Fabio Moura, João Eduardo Nunes Salles, Fernando Valente, Bianca de Almeida-Pititto, Reine Marie Chaves Fonseca, Saulo Cavalcanti. Abordagem do paciente idoso com diabetes mellitus. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2023).

Material destinado exclusivamente a profissionais de saúde habilitados a prescrever e ou dispensar medicamentos.

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